A Visão do Dr. Edward Bach, em 1930
Por muitos séculos, a real natureza da doença foi
encoberta pela capa do materialismo e, assim, tem sido dadas à própria doença
todas as oportunidades de ela propagar sua destruição, uma vez que não foi
combatida em suas origens. Essa situação é semelhante à do inimigo que
construiu uma sólida fortaleza nas colinas, comandando de lá constantes
operações de guerrilha no país vizinho, enquanto as pessoas, ignorando a praça
forte, contentam-se em reparar as casas danificadas e em enterrar seus mortos,
consequências das ofensivas dos saqueadores. Essa é, em termos gerais, a
situação da medicina nos dias de hoje: consertar às pressas os danos
resultantes do ataque e enterrar os mortos, sem que se dê a mínima atenção para
o verdadeiro reduto inimigo.
A doença nunca será curada nem erradicada pelos
métodos materialistas dos tempos atuais, pelo simples fato de que, em suas origens
, ela não é material. O que conhecemos como doença é o derradeiro efeito
produzido no corpo, o produto final de forças profundas desde há muito em
atividade, e, mesmo quando o tratamento material sozinho parece bem sucedido,
ele não passa de um paliativo, a menos que a causa real tenha sido suprimida.
A tendência atual da ciência médica, por
interpretar erroneamente a verdadeira doença e por fixar toda a atenção, com
sua visão materialista, no corpo físico, tem aumentado sobremodo o poder da
doença; em primeiro lugar, por desviar a atenção das pessoas da verdadeira
origem da enfermidade e, portanto, da estratégia eficaz para combatê-la; em
segundo , por localizá-la, no corpo, obscurecendo, assim, a verdadeira
esperança de recuperação e criando um enorme complexo de doença e medo,
complexo que nunca deveria ter existido.
Em essência, a doença é o resultado do conflito
entre a Alma e a Mente, e ela jamais será erradicada exceto por meio de
esforços mentais e espirituais.
Nenhum esforço que se destine apenas ao corpo pode
fazer mais do que reparar superficialmente um dano, e nisso não há nenhuma
cura, visto que a causa ainda continua em atividade e pode, a qualquer momento,
manifestar novamente sua presença, assumindo outro aspecto. De fato, em muitos
casos a recuperação aparente acaba sendo prejudicial, já que oculta do paciente
a verdadeira causa do seu problema, e, na satisfação que se experimenta com
essa aparente recuperação da saúde, o fato real, continuando ignorado, pode
fortalecer-se.
Uma das exceções para os métodos materialistas na
ciência moderna é a do grande Hahnemann, o fundador da homeopatia, que com sua
compreensão do amor beneficente do Criador e da Divindade que mora dentro do
homem, e por estudar a atitude mental de seus pacientes diante da vida, do meio
ambiente e suas doenças, foi buscar nas ervas do campo e nos domínios da
natureza o remédio que não apenas haveria de curar seus corpos mas ao mesmo
tempo elevaria a sua perspectiva mental.
Quinhentos anos antes de Cristo, alguns médicos da antiga
Índia, trabalhando sob a influência do Senhor Buda, levaram a arte de curar a
um estágio tão perfeito que conseguiram abolir a cirurgia, ainda que, na sua
época, ela fosse tão eficiente, ou até mais, que a dos dias atuais. Homens como
Hipócrates, com seus ideais grandiosos sobre a cura; Paracelso, com a convicção
de uma divindade dentro do homem, e, Hahnemann, que compreendeu que a doença
tinha sua origem num plano acima do físico - todos eles sabiam muito sobre a
verdadeira natureza do sofrimento e sobre o remédio para ele.
A doença, posto que pareça tão cruel, é benéfica e
existe para nosso próprio bem; se interpretada de maneira correta, guiar-nos-á
em direção aos nossos defeitos principais. Se tratada com propriedade, será a
causa da supressão desses defeitos e fará de nós pessoas melhores e mais
evoluídas do que éramos antes. O sofrimento é um corretivo para se salientar
uma lição que de outro modo não haveríamos de aprender, e ele jamais poderá ser
dispensado até que a lição seja totalmente assimilada.
Vemos que não há nada de acidental no que diz
respeito à doença, nem quanto ao seu tipo nem quanto à parte do corpo que foi
afetada; como todos os outros resultados da energia, ela obedece à lei de causa
e efeito. Certos males podem ser causados por meios físicos diretos, tais como
os associados à ingestão de substâncias tóxicas, acidentes, ferimentos e
excessos cometidos, mas, em geral, a doença se deve a algum erro básico em
nosso temperamento.
As doenças reais e básicas do homem são certos
defeitos como o orgulho, a crueldade, o ódio, o egoísmo, a ignorância, a
instabilidade, a ambição; e se cada um deles for considerado individualmente,
notar-se-á que todos são contrários à Unidade. Tais defeitos é que constituem a
verdadeira doença, e a continuidade desses defeitos, persistirmos neles, depois
de termos alcançado um estágio de desenvolvimento em que já os sabemos nocivos,
é o que ocasiona no corpo os efeitos prejudiciais que conhecemos como
enfermidades.
Para se alcançar uma cura completa, não somente
devem ser empregados recursos físicos, escolhendo sempre os métodos melhores e
mais familiares à arte da cura, mas também devemos lançar mão de toda a nossa
habilidade para eliminar qualquer falha em nossa natureza; porque a cura total
vem essencialmente de dentro de nós, da própria Alma que, por meio da bondade
do Criador, irradia harmonia do começo ao fim da personalidade, quando se
permite que assim seja.
...não há objetivo em nos ocuparmos dos fracassos
da medicina moderna; demolir é inútil quando não se constrói um edifício melhor
e, como na medicina já se estabeleceram as bases de uma edificação mais nova,
empenhemo-nos em acrescentar um ou dois tijolos a esse templo. Tampouco pode
ser de valor uma crítica negativa da profissão; é o sistema que está
fundamentalmente equivocado, não os homens; pois é um sistema pelo qual o
médico, pôr razões unicamente econômicas, não tem tempo para ministrar um
tratamento tranqüilo e sossegado nem oportunidade para pensar e meditar
adequadamente, o que deveria ser a herança dos que devotam sua vida a assistir
doentes. Como disse Paracelso, o médico sábio atende a cinco, e não a quinze
pacientes num dia - ideal impraticável em nossa época para um médico comum.
A aurora de uma arte de curar mais nova e melhor
paira sobre nós. Há cem anos, a homeopatia de Hahnemann foi o primeiro raio da
luz matinal, depois de um longo período de trevas, e pode desempenhar um grande
papel na medicina do futuro. Ademais, a atenção que se está dispensando no
presente momento à melhoria da qualidade de vida e ao estabelecimento de uma
dieta mais pura é um progresso rumo à prevenção da doença; a esses movimentos
que pretendem levar ao conhecimento das pessoas tanto a relação que existe
entre os fracassos espirituais e a enfermidade, bem como a cura que se pode
obter através do aprimoramento da mente, estão apontando o caminho por onde
devemos seguir rumo à luz de um novo dia, em cujo brilho a escuridão da
enfermidade desaparecerá.
Fonte: este texto foi escrito pelo médico inglês
Dr. Edward Bach em CURA-TE A TI MESMO no ano de 1930, e extraído do livro Os
Remédios Florais do Dr. Bach - Ed. Pensamento.
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